quinta-feira, 4 de março de 2010

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Banda Hori entrevista ->Revista Contigo

Nasce o primeiro filho

Donos de um estilo próprio - e com as inseguranças de qualquer adolescente -, os meninos da Hori se preparam para lançar o primeiro álbum, que leva o nome da banda.
Quatro paulistanos e um campineiro! Eis a formação oficial da Banda Hóri(o nome significa a força do homem da caverna), que tem como líder o caçulinha da turma, Fiuk, de 18 anos. Enganam-se os fãs que pensam - e aqui se inclui uma lista poderosa de meninas enlouquecidas - que o vocalista teve um empurrãozinho do pai, o cantor Fábio Jr. Não, nada foi simples assim! Felipe Galvão, ou melhor, Fiuk, planejou tudo sozinho e seguiu seus instintos até conseguir montar a Hóri. O garoto levou seis anos para, enfim, gravar o primeiro álbum, batizado com o nome do grupo. ''Eu não sabia o que era um parto, mas eu tive um'', comemorou.

Como surgiu a ideia de montar uma banda?
Fiuk:
Desde criança as pessoas vinham a mim com aquela história de filho de peixe, peixinho é. Não que eu não gostasse, mas inconscientemente me sentia obrigado a ser cantor. Sempre me questionava: ''Será que tenho de cantar?''. Meu pai (Fábio Jr.) nunca me obrigou, mas esteve pronto o tempo todo para me apoiar. Isso me deixava mais tranquilo. Fui obrigado pela minha mãe a fazer aula de violão; então, aos 11 anos, já tinha a minha primeira bandinha de escola. Para meus colegas aquilo era só diversão, mas eu tinha certeza de que era aquilo que eu queria. Quando estava com quase 14 anos, fui a um estúdio e aí apareceu o primeiro baterista que conheci na minha vida, o Xande.

Xande: Recebi o telefonema de um cara falando (imitando a voz fininha de Fiuk aos 13 anos): ''E aí meu, tô querendo fazer umas músicas (risos)''. Quando ouvi o som dele, pirei. Começamos a ensaiar e depois ele foi mostrando as ideias que tinha. Com o passar do tempo, gravamos algumas coisas, e logo surgiu o lance de montar uma banda.


Você já conhecia o Fiuk como filho do Fábio Jr.?
Xande:
Isso foi muito engraçado. Quando aceitei fazer a parceria com o Fiuk, nem sabia de quem ele era filho. Foi apenas no terceiro ou quarto ensaio que descobri. Estávamos num centro comercial e eu deixava meu carro do lado de fora para não pagar estacionamento. Na hora de ir embora, Fiuk quis que seu pai me desse carona até meu carro. Quando ele desceu o vidro, falei: ''Nossa, olha quem é o pai do cara''.


Como aconteceu a formação da banda?
Fiuk:
Depois do Xande, veio o Max, que foi a salvação. Eu era muito sozinho nessa época e compunha quase todas as músicas. Ele apareceu e eu tive certeza de que era o cara. No primeiro ensaio ele tocou tudo errado, mas na maior vibe. Ali vi uma pessoa parecida comigo. Depois, Max me apresentou ao Renan. Quando ele chegou ao estúdio, senti a mesma energia logo de cara. Eu não queria abrir o jogo para o grupo. Ninguém sabia de nada, mas eu já tinha certeza de onde tudo ia dar. Só que ainda estávamos sem um baixista. Foi quando apareceu o Fê Campos, isso foi neste ano, na fase de pré-produção do CD.


Objetivo em comum, todos vocês têm, a música. Em compensação, cada um viveu uma história bem distinta. Como foi a sua até chegar aqui?
Fê Campos:
Antes da Hori, eu era baixista da banda Mipti, do ex-BBB Rafinha. Lembra? Depois do programa, os rumos mudaram um pouco, então resolvi sair do grupo e até do cenário musical. Eu travei, meu psicológico foi lá no chão, cheguei a ter síndrome do pânico e achei que não conseguiria tocar mais. Foi aí que compus uma canção de amor proibido para uma menina que eu gostava (ele ainda é apaixonado por ela). O nome é 23 de Novembro, dia em que nos conhecemos (pausa… envergonhado). Tomei coragem e mandei a música para ela, que ficou pirada... Depois disso resolvi quebrar meus paradigmas. Subi num palco para cantar pra ela. Pena que no dia do show ela não compareceu, foi o maior relaxo da parte dela. Mesmo sabendo disso, fui lá e cantei. Fizemos um vídeo que mais tarde foi apresentado ao Fiuk. E isso me colocou hoje na banda.

A sua história de vida é um pouco mais triste.
Max:
Sempre toquei. Aos 13 anos já tinha banda própria. Eu conheci o violão aos 6 anos, apresentado pelo meu pai, que ironicamente não gostava que eu tocasse. Mas eu tocava mesmo assim, o bichinho já tinha picado (risos). A minha família sempre foi contra meu gosto pela música, o tempo inteiro. Até que um dia meu pai falou: ''Ou a sua banda ou a sua casa''. Fui morar na Espanha e arranjei outra banda lá.


Mas a situação da sua família ficou dramática no Brasil, não?
Max:
Eu estava na Espanha há um ano e meio, então meu pai adoeceu. Foi quando ele me ligou meio rouco, dizendo: ''Max estou muito mal, no hospital''. Fiquei abalado, minha família escondeu tudo de mim, mas descobri que ele estava com câncer de faringe. Voltei, precisava ver meu pai. Ficamos dois meses juntos. Foi uma fase muito complicada, triste. Lembro que um dia ele estava no leito de morte, na TV passava um clipe, ele olhou, sorriu e apontou para mim. Entendi o que ele quis dizer: ''Vai, você pode''.


Você sentiu que poderia seguir em frente com o sonho da música?
Max:
Ele fez tudo certo. Quando ele me colocava para baixo, era para me deixar cada vez mais forte, para que eu acreditasse no que eu queria. Ele testava meus limites. Mas só fui entender isso depois que ele partiu. Fiquei um bom tempo perdido, era o único homem da casa. Ainda assim, tinha o sonho de continuar com a música. Eu comecei a fazer faculdade, arrumei emprego, precisava me virar de algum jeito. Mas a música foi mais forte.


O lance de vocês com a música existe desde 2003. Por que só agora, em 2009, resolveram lançar um álbum?
Fiuk:
É porque foi justamente agora que o nosso ciclo fechou e é por isso que só agora saiu o primeiro CD, depois de quase seis anos juntos.

Xande: Acho que só hoje temos a verdadeira noção. Ainda bem que só aconteceu agora, porque agora a banda está amadurecida. O master acabou de chegar aqui... É o resultado do nosso primeiro trabalho (com os CD nas mãos).

Renan: Sempre achei que as músicas, antes da formação final da banda, eram muito mais do mesmo. Agora é diferente, tem a nossa cara de verdade.


Como é ver o nascimento do primeiro trabalho de vocês?
Fiuk:
Na nossa história sempre o teve o lance de acreditar que tudo daria certo. Todos os dias eu sentava com eles e falava: ''Galera, o disco vai ficar muito bom'', e não havia nada pronto. Mas a cada dia saía um negocinho novo. No dia que saiu o disco, eu não sabia o que era um parto, mas eu tive um. É como um filho.


A Hori segue algum tipo de influência?
Fiuk:
Essa questão é muito louca, porque quem é a imagem do rock no Brasil? NX Zero, Fresno, para os adolescentes. A imagem que a galera tem é essa. Se uma banda nova entra no cenário, ela tem de se encaixar em algo que já existe. Quando a gente mostra o nosso trabalho, esse pensamento muda, porque não somos parecidos com nada que já existe. Não somos melhores, iguais ou piores, buscamos outra vertente.

Fê Campos: Não nos preocupamos com isso. Queremos fazer a nossa música e termos nossa identidade. Eu gosto muito de reggae. Uma banda de reggae tem que ser rasta, ter um som parecido com o do Bob Marley, enfim. Não somos assim... Não vestimos uma carcaça pra depois fazermos música, fizemos o inverso.


Vocês são uma banda do quê?
Fiuk:
As influências que a nossa banda tem são nossas, dos nossos gostos musicais. Nossa banda é de rock. O Xande, por exemplo, gosta mais de metal e de Beyoncé. O Fê curte moda de viola, além de música eletrônica. O Renan ouve sertanejo o dia inteiro (risos).


Fiuk ->Arte na veia

O filho do cantor Fábio Jr. com a artista plástica Cristina Kartalian não pode negar o sangue artístico que corre em suas veias. Fora do cenário musical, o jovem estreia seu primeiro longa-metragem, As Melhores Coisas do Mundo. Felipe Galvão bem que tentou enveredar por outros rumos. Ele chegou a cursar um ano de Propaganda e Marketing, mas resolveu trancar a faculdade. Se desde os 6 anos sua paixão é pela música - e pela arte em geral -, ele achou que apostar em outra carreira só lhe traria frustrações profissionais. Não deu outra. Depois de assumir o controle da Banda Hori, o rapazinho já fez um ensaio fotográfico de deixar qualquer fã (ou não) de queixo caído. E tem mais, sem nunca ter atuado, o irmão de Cleo Pires abocanhou um ótimo papel no próximo filme de Laís Bodanzky (Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade), As Melhores Coisas do Mundo. Preparem-se, em 2010 Fiuk vai pintar nas telonas e, quem sabe, em outras paragens também.

Eterno apaixonado
Adoro ler, mas meu esporte preferido, que pratico até nos momentos livres, é a música. Adoro tocar piano, tocar bateria, fuço em todos os instrumentos. E tem mais, sou fissurado num esporte que chama namorar, não tem nada melhor na vida.

Cantor, modelo, ator
Adoro arte como um todo. Quando pintou o lance do ensaio, o fotógrafo era tão bom (Miró) e a proposta tão interessante que topei. Não tem essa de ou você é cantor, ou ator, ou modelo. Eu me dedico à arte. Até pintar quadros de vez em quando eu pinto, mas depois escondo e jogo fora. Eu adoro passar emoção, não importa se é nos palcos, nas fotos, no cinema, na TV, nas passarelas. Fiz até um filme! Quando me convidaram, eu nunca tinha atuado na vida.

Estreia nas telonas
Recebi o convite por telefone, na ligação me falaram: ''Está ferrado, vai fazer teste para um filme''. Eu fiquei pasmo. Mas adorei, tanto que, no dia do teste, fui totalmente centrado para o filme. Fiz o teste e representei muito bem, mas nem sabia do que se tratava. Tive que imaginar as situações. Deu certo. Acabei pegando um dos papéis principais, que é o irmão do protagonista, Francisco Miguez. No filme, meu personagem vai se chamar Pedro. A história é sobre a vida e as crises de adolescentes que moram em São Paulo. As gravações começaram em fevereiro e foram até maio deste ano, tudo aqui em São Paulo. Mas não confundam, minha maior paixão é cantar.

De irmã para irmão
Com a Cleo (Pires) a relação é mais difícil. Ela é minha irmã, a gente se ama pra caramba, mas é a mais distante. Ela viaja muito. Eu a vejo uma vez a cada seis meses. A Cleo é de outra vertente, outra vida, outro lugar, outras pessoas em volta dela, outra família. Mas quando pintou a proposta do filme, foi para ela o meu primeiro telefonema. Pedi algumas dicas e ela falou uma coisa que me deixou à vontade. Ela disse, com aquele jeitinho de carioca: ''Pô irmão, seja você mesmo, acredite em você e faça de verdade. É arte, é coração''.

Conselho de pai
Meu pai também me apoio muito com o filme. Ele disse: ''Putz, o bichinho te picou, agora vai lá, faz e se vira''. E eu, como sou muito panguazão (inexperiente), fiquei todo inseguro.

Primeiro passo fora da música
O filme foi realmente um primeiro momento. Poxa, foi um baque... Laís Bodanzky! Bicho de Sete Cabeças! Rodrigo Santoro! Poxa, quem sou eu? Nada!

No set com Laís
Poxa, teve uma cena que foi a mais pesada, a mais emocionante e eu consegui matar num take só. Eu desmaiei de verdade por cinco segundos. Ela (Laís) levantou, bateu palmas e perguntou como eu fazia aquilo. Levantei, olhei pra ela, me situei e me questionei: O que faço agora? É a Laís Bodanzki, agradeço ou saio correndo? Agradeci e fui direto para o banheiro. Fiquei megainseguro. Foi uma das maiores experiências que já tive na minha vida.

Vida de ator?
Eu nem sabia o que era decorar texto. Fiz dois testes e já estava no elenco. Quando o pessoal chegava, ia direto aquecer. Eu olhava pra Laís e perguntava: ''Posso fumar meu cigarrinho?''. Todo mundo aquecendo o corpo e eu me concentrando de outra maneira (risos). No fim das filmagens, ela perguntava automaticamente se eu já tinha fumado meu cigarrinho antes das cenas muito tensas.

Pai e filho
Meu pai foi muito ausente na minha vida, isso quando eu era criança. Eu sentia muito a falta dele e tive até bronquite asmática por isso. Ele fazia muitos shows, viajava demais e eu o via apenas uma vez por mês. Eu chorava, escrevia cartas pra ele, sofri demais, mas amadureci muito também. Sou grato a ele, pois sem dor não há crescimento. Quando falo dele, meus olhos ficam cheios de lágrimas. Gosto mais de falar dele do que de mim, porque foi o cara que me criou. Graças a ele, gosto tanto do que eu faço.

Dois chorões
Meu pai é muito chorão e eu sou outro bocó. Tenho até medo porque represento muito a versão 2000 do meu pai. Mas me orgulho por isso. Ele é meu ídolo.

Tal pai, tal filho
Nunca escolhi entre fazer um som diferente ou igual ao que meu pai faz. Nunca abri gavetinhas. Nada na minha vida é muito quadrado, eu sempre segui meu instinto. Quem sabe um dia eu faça um negócio que se pareca com ele? Se for a minha verdade!

Debaixo do mesmo teto
Moro com meu pai há seis anos. Minha asma só passou quando fui morar com ele. Eu ia pra escola com um tubo de oxigênio e tudo. A mulher da minha vida é a minha mãe, mas o meu pai é o meu irmão gêmeo, eu não consigo viver sem ele. Parece careta, mas é assim. Tem alguns shows dele que eu nem vou só para não ouvir Pai. Quando vou, na hora da música eu me escondo porque sempre choro.


Assista ao Trailer do filme "As Melhores Coisas do Mundo"

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